Proposta premiada do concurso para o novo Centro de Convenções e Exposições de Paraty, Rio de Janeiro. O projeto foi concebido de forma a valorizar o espaço público e as relações de seus ocupantes com as atividades programáticas. Um monolito puro recebe dobras que revelam seu interior através de uma grande praça central aberta que articula todo o programa. Essa área da praça retoma a idéia da “soleira” de Hertzberger, onde o público se integra ao privado formando um único e amplo espaço, no qual a entrada é contínua trazendo um local de encontros e despedidas, circulação e estar, através da arquitetura.
O projeto traz para a região, uma possibilidade de vida pública e coletiva e em alguns casos de forma comunitária, fazendo com que através do projeto seja possível a criação desses espaços, assim o projeto arquitetônico existe como facilitador para a presença do espaço comunitário. De acordo com Hertzberger, ele aponta:
“Ao selecionar os meios arquitetônicos adequados, o domínio privado pode se tornar menos parecido com uma fortaleza e ficar mais acessível, ao passo que, por sua vez, o domínio público, desde que se torne mais sensível às responsabilidades individuais e à proteção sensível às responsabilidades individuais e à proteção pessoal daqueles que estão diretamente envolvidos, pode se tornar mais intensamente usado e, portanto, mais rico.”
O projeto atende questões ambientais estudando o ecossistema e a adequação de infraestrutura verde para um projeto desta escala. Criaram-se tipologias para esta aplicação, tais como: faixas vegetadas e pisos drenantes que proporciona maior conforto ambiental e capta a água da chuva. O desenho dos canteiros tem como objetivo enfatizar os acessos, direcionando o percurso dos visitantes e drenar a água das áreas secas. Na área do estacionamento foram previstos canteiros entre as vagas com o plantio de arvores de médio porte típicas da região, tais como Aroueira Vermelha (Schinus terebentifolius), Chorão (Tibouchina granulosa), Quaresma (Tibouchina pulchra), Abricó (Manikaria subsericea).
Como vedação e revestimento foram utilizados vidro e cobogó, materiais tradicionais de grande durabilidade e resistência. A constante circulação de ar, a luminosidade natural e a transparência proporcionada a todo o complexo oferecem condições de conforto com consumo mínimo de energia elétrica. O emprego de equipamentos artificiais de iluminação e de condicionamento, utilizados dentro de suas necessidades mínimas e imprescindíveis, reduz os custos e aproxima os limites entre os espaços edificados e o ambiente natural.
O volume comporta-se como uma somatória de pequenos edifícios e ‘vazios’ envoltos por uma pele permeável e conectado por acessos que interligam o edifício ao terreno. Isso facilita a identificação das funções, cria espaços interessantes e integrados, promove transição entre o exterior e o interior e facilita a ventilação e a iluminação de cada função individual. Espaços livres e o uso de alturas variáveis no interior do edifício auxiliam a circulação de ar. Serão captadas as águas pluviais para seu reuso nas bacias e na irrigação das áreas verdes. Está prevista também a utilização de novas tecnologias de iluminação, para redução de manutenção e de consumo e a utilização de materias provenientes de reciclagem e reutilização, a fim de que seja priorizada a utilização de materiais locais e de produtos de baixo impacto ambiental.
O edifício foi projeto de forma a priorizar a flexibilidade dos espaços contribuindo para um melhor aproveitamento logístico e maior variedade de possibilidades de eventos de eventos.
A forma monolítica associada à praça central e facilidade para acessos de infra-estrutura em todos os setores, simplifica as circulações e acessos facilitando a divisão dos espaços quando necessário. Também contribui de forma positiva as localizações estratégicas dos sanitários de uso público, na busca de atender de maneira homogenia todos os setores. Dessa maneira o espaço multiuso modulado poderá subdividir-se em até três partes com divisórias removíveis acústicas; auditório / teatro em quatro partes utilizando o mesmo sistema; duas salas de reunião podem ser unificadas para a formação de um auditório retirando a divisória acústica que as divide; por fim a praça central com espaço livre e circulações perimetrais de acesso ao edifício pode receber diversos tipos de eventos.